De acordo com uma informação da ANI - Agência Nacional de Inovação, "a C2C-NewCap vai receber 5,4 M€ do European Innovation Council para desenvolver e trazer para o mercado dois produtos à base de tecnologia de supercondensador para substituir baterias de chumbo em veículos pesados e condensadores de tântalo. O chumbo é um metal tóxico e o tântalo uma matéria-prima crítica e com origem em países com conflitos políticos e sociais. As baterias de chumbo e condensadores fazem parte do nosso dia-a-dia, estando presentes em veículos e aparelhos eletrónicos, respetivamente". "As tecnologias disruptivas desenvolvidas pela C2C-NewCap trazem uma solução eletroquímica mais sustentável que maximiza a utilização de energia, e minimiza custos operacionais e ambientais", explicou ainda a ANI.
Paralelamente à C2C-NewCap, irá ainda receber financiamento do Conselho Europeu de Inovação a Immunethep, uma empresa do Biocant Park, em Cantanhede, que "está a desenvolver uma vacina que protege contra 5 bactérias responsáveis por 80% das infeções bacterianas em humanos. Estas bactérias representam um grave problema devido à sua resistência a antibióticos. A vacina é estável em diferentes temperaturas o que a torna de fácil armazenamento e transporte". O empresa vai receber, numa primeira fase, 2.5M€, "tornando-a elegível para um investimento adicional que lhe permita dar seguimento aos ensaios clínicos e escalar a nível mundial", fez saber a ANI.
Além do apoio financeiro, os projetos vão beneficiar de Serviços de Aceleração de Negócios que proporcionam acesso a oportunidades de investimento e crescimento a nível mundial.
O EIC pretende apoiar start-ups e PME com tecnologias disruptivas a desenvolverem os seus negócios à escala global, através da oferta de financiamento a fundo perdido de até 2,5 M€ combinadas com investimentos de capital próprio até 15M€ vindo do Fundo do EIC.
Desde a abertura dos concursos do European Innovation Council, em março de 2021, Portugal já somou perto de 22M€ de financiamento, aprovado para 7 empresas tecnológicas nacionais. Além da C2C New-Cap e da Immunethep, receberam financiamento a RUBYnanomed, Arborea, AI4MedImaging, PeekMed e WATGRID.
As empresas têm vindo a ser apoiadas pela ANI, no acesso a financiamento, através da rede dos Pontos de Contacto Nacional ao Horizonte Europa e pela Enterprise Europe Network (EEN).
A C2C-NewCap
A história da C2C-NewCap começa em 2011 no Instituto superior Técnico (IST), quando um grupo de investigadores decidiu submeter um projeto de investigação à Fundação para a Ciência e Tecnologia sobre materiais inovadores para o armazenamento de energia. Foi nessa altura que Rui Silva, cofundador da empresa, entrou para este projeto, na altura ainda como estudante de engenharia de materiais do IST.
Nos dois anos que se seguiram, e ainda sobre a alçada da universidade, esta equipa dedicou-se à investigação de novos materiais para o armazenamento de energia elétrica, nomeadamente em baterias. "Os resultados estavam a ser muito bons, à medida que íamos desenvolvendo o projeto íamos percebendo que a ideia era muito interessante e que tinha algum valor", recordou Rui Silva à Ribatejo Invest, numa entrevista concedida em setembro de 2017. Em meados de 2013, com o projeto a chegar ao fim, a equipa de investigadores começou a pensar em dar-lhe continuidade, o que significava torná-lo em algo que pudesse ser comercializado.
Foi preparada uma candidatura a um concurso que existia na altura, o BES Inovação, que se destinava a apoiar startups. A candidatura foi aprovada e tornou-se necessário criar uma empresa. "Nós precisávamos de uma morada para criar a empresa, não tínhamos dinheiro para alugar um espaço e uma das sócias da empresa, que vive em Marinhais (concelho de Salvaterra de Magos), falou-nos na NERSANT e disse-nos que apoiavam muito os jovens empreendedores, o que era o nosso caso. A partir daí estabelecemos o contacto, tivemos a maior abertura da NERSANT, e passámos a sede da nossa empresa para Benavente, mais concretamente para o núcleo da NERSANT do Sorraia".
Poucas semanas depois, a C2C-NewCAP foi aceite num outro programa de apoio ao empreendedorismo apoiado pela COTEC - a COHITEC. Esta é uma espécie de acelerador de startups, cujo objetivo é ajudar os jovens empreendedores ou investigadores a desenvolver uma ideia e a trabalhá-la de um ponto de vista industrial e sempre numa ótica de negócio. A partir desse momento, tornou-se necessário procurar novos investidores, de forma a que a equipa conseguisse meios para continuar a trabalhar. "Felizmente conseguimos encontrar um investidor que foi a Caixa Capital, pertencente ao grupo CGD e que gere um fundo de investimento em startups", contou Rui Silva, acrescentando que "em agosto de 2016, recebemos a notícia de que outro investidor também estava interessado em apoiar-nos": a InnoEnergy, uma venture capital europeia que também é uma comunidade de Inovação e Conhecimento que se dedica à promoção da inovação, educação e empreendedorismo na área da energia sustentável e apoia startups com projetos inovadores, no que se refere à sustentabilidade energética. Em 2017, a C2C-NewCap foi uma das empresas selecionadas pelo Horizonte 2020 e recebeu, numa primeira fase, um apoio de 50 mil euros para estudar a viabilidade de novos produtos disruptivos.
A empresa está neste momento sediada em Odivelas.